quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Pasta da Educação no Brasil sem rumo (Por Thiago Muniz)

A pior parte na exoneração de Renato Janine Ribeiro do Ministério da Educação não é nem tanto a decisão da presidente, em si, mas o fato de que a essa mudança não provocará nenhuma crise política.

Garantidas as pastas do PMDB, pouco importa com quem ficará a Educação. O governo Dilma capitulou completamente. E a decisão de hoje, para um governo cujo lema é “Pátria educadora”, é inequívoco a esse respeito.

Fora de círculos restritos, como na minha timeline do Facebook, onde há vários professores e pesquisadores, é improvável que se encontre na imprensa um peemedebista indignado pela decisão intempestiva de mudar um ministro nomeado há tão pouco tempo. Isso, para mim, é o mais triste – a palavra é essa mesma – no contexto atual. A capitulação levou o país a uma situação em que áreas-chaves são tratadas como acessórias.

Nunca é demais lembrar que Cid Gomes foi o primeiro ministro da Educação deste governo. Justo Cid Gomes, que, durante uma greve docente no Ceará, na época em que era governador, disse que professor tinha que trabalhar por amor, e não por interesse pecuniário. O mesmo Cid, que, já ministro, escolheu Xuxa como madrinha da educação no Brasil. Palrador como o irmão, Ciro, a quem muitos, agora, saúdam como um político independente, lúcido e altivo, Cid caiu ao criticar duramente a base parlamentar do governo, dentro do próprio Parlamento! Muito se discutiu, à época, sobre quem seria o novo ministro. Dilma estava acossada pelas manifestações de rua, e a nova indicação poderia sinalizar uma tentativa de retomada de alguma normalidade política.

Excetuando-se Veja e congêneres, o nome de Renato Janine Ribeiro foi celebrado dentro desse espírito. Era inexperiente, porém, muito melhor que Cid Gomes.

Em um Brasil colônia a crença coronelista degolou sempre a inteligência surgente. Passados mais de 500 anos a educação continua sub-valorizada em relação a outras vertentes. Pelo visto o paradigma secular da preservação da ignorância continua como um vírus no subconsciente coletivo e em governos sucessórios que não possuem alinhamento em sua gestão de valores.


BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

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