sexta-feira, 22 de abril de 2016

A ciclovia olímpica e novos modelos de gestão de construção (Por Thiago Muniz)

"As obras, se não são inspiradas não são duradouras."
(Pensamento judaico)



Sobre o desabamento de parte da ciclovia da Avenida Niemeyer (com duas vítimas fatais) inaugurada há apenas 3 meses no Rio de Janeiro, importa lembrar que este incidente criminoso não merece ser considerado um fato isolado.

Deu-se o mesmo no Estádio Olímpico João Havelange, mais conhecido como Engenhão, interditado menos de seis anos após a inauguração por gravíssimos problemas estruturais em sua cobertura.

Também a Vila do Pan, construída para abrigar os atletas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, e que depois teve os apartamentos vendidos para milhares de novos proprietários, sofreu com a interdição de várias áreas comuns do condomínio por erros absurdos de projeto, principalmente afundamento do solo. Crateras gigantes apareceram onde os construtores deixaram de realizar os procedimentos corretos de rebaixamento de solo em um terreno pantanoso.

A Cidade da Música, construída às pressas para abrigar a mais moderna sala de concertos do Estado, teve o resultado final criticado pelo próprio arquiteto responsável, com denúncias de superfaturamento e falhas de execução. Virou caso de polícia.

Mais recentemente, vários trechos do BRT e das ciclovias da cidade também registraram problemas de acabamento, com as pistas esfarelando semanas depois de inauguradas.

A lista é grande. Tão grave quanto o número de obras mal feitas no município, com erros de projeto e de execução, é a impunidade que prevalece sobre todos esses casos de desperdício de dinheiro público com riscos reais e mensuráveis sobre a vida das pessoas.

Considerando que o Rio se tornou um gigantesco canteiro de obras por conta das Olimpíadas, resta torcer para que novos acidentes gravíssimos como esses não voltem a acontecer. O problema é que o passado nos condena.

A ciclovia de 3,9 km teve custo de R$44,7 milhões e as obras foram feitas pela empreiteira Concremat. E não é que a Concremat tem como diretor-presidente Mauro Viegas Filho, avô do Secretário Especial de Turismo da Prefeitura do Rio, Antônio Pedro Viegas Figueira de Melo?

Se você dividir o custo de R$44,7 milhoes por 3,9kms e multiplicar pelos 20metros que cairam, isso dá R$ 229mil. Com essa soma astronômica daria para colocar duas vigas I de aço especial, indestrutíveis quando ancoradas no chão. O piso da ciclovia (a bandeja) poderia ter sido uma grade, diminuindo a superfície de impacto das ondas e a força total exercida para cima.

Também, se tivesse colocado como apoio UMA das vigas que sumiram da perimetral, chumbada em outra desta viga ancorada na rocha, certamente a estrutura não teria caído.

O que não consigo entender é que as empreiteiras que fazem estas lambanças aqui (não sei se é o caso desta empreiteira), são as mesmas que fazem obras de altíssima qualidade e acabamento no exterior.

Por que será que isso acontece?

Será que existe alguma explicação técnica para esta pergunta, ou será a reminiscência do famoso jeitinho brasileiro que sempre quer levar vantagem em tudo?

Está aí o ponto que quero chegar...

Os especialistas que ouvimos sobre a tragédia da ciclovia que desabou no Rio - e todas as obras mal feitas no Brasil - apresentaram uma solução relativamente simples para esse tipo de problema, já adotada em outros países do mundo.

Em vez dos governos contratarem construtoras ou empreiteiras, contrata-se uma seguradora. Cabe à seguradora a responsabilidade de contratar a empresa que vai fazer a obra. 

Qualquer erro, de qualquer natureza, implica no pagamento de um prêmio (valor altíssimo) por parte da seguradora, que para escapar desse imenso prejuízo, torna-se a principal interessada em zelar pela execução da obra no prazo previsto, pelo valor justo, sem uma sucessão desvairada de termos aditivos e com muito menos margem de manobra para propinas.

Simples assim.

Perguntei a eles por que, em sendo tão simples, esse modelo de contratação não foi ainda implantado no Brasil.

Precisa responder?

Ainda que a ciclovia estivesse firme como rocha, é seguro pedalar ali em dias de ressaca?

Como as ressacas são comuns, deveria haver uma ciclovia ali naquela posição?

A "boa gestão" da prefeitura vai deixando seu legado. É a ponte para o futuro do ‪#‎PMDB‬


Vídeo comentário de Rapha Ramirez, no canal "Posso falar? Já falei!"










BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

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