sábado, 18 de março de 2017

Carne podre pra debaixo do tapete (Por Thiago Muniz)

"Se o povo soubesse como são feitas as reformas, provaria que o mais podre dos frigoríficos flagrados na Operação Carne Fraca é bem mais limpinho que o Congresso a essa altura." (Xico Sá)

Quer dizer, carne podre para a população pode, o que não pode é revelar os podres.

A luta pelo mercado de bois, frangos e suínos é uma duríssima peleja internacional, em que leis sanitárias são usadas amplamente como barreiras políticas.

Só um país decadente, com um governo de lacaios, mídia irresponsável e forças armadas à Pôncio Pilatos, permite que um grupelho de meganhas faça um estrago desses.

Carne vencida, armazenada em temperaturas inadequadas, sem inspeção e com uso de produtos cancerígenos em doses altas, reembalagem de produtos vencidos ou em excesso com objetivo de ocultar as características que deveriam impedir o consumo, e papelão misturado com frango. Essa é a conclusão a que chegou a investigação de quase dois anos da Polícia Federal. Na mira estão gigantes do setor de carnes no país, como a BRF Brasil, dona das marcas Sadia e Perdigão, e a JBS, dona da Friboi, Seara e Swift, entre outras marcas.

Mesmo quando parecem de natureza distinta, os escândalos que chocam os brasileiros todos os dias têm o mesmo fio condutor: a impunidade. É nessa chocadeira que fermenta a corrupção. O produtor que adiciona soda cáustica ou formol ao leite azedo para dar-lhe uma sobrevida tem a mesma raiz do dono do frigorífico que vende carne podre maquiada para parecer normal, do fiscal que fecha os olhos para a fraude, do político que aceita propina, do empresário que paga, do sonegador que tenta enganar o fisco. Todos acham que corruptos são os outros.

Na ânsia do lucro fácil, os inescrupulosos colocaram por terra a credibilidade de um setor que movimenta bilhões de reais no país. Além de alarmar o consumidor do mercado interno, a fraude pode fazer o Brasil perder posições conquistadas nos últimos anos no mercado internacional. Ainda que os controles sejam mais rígidos na exportação, porque o comprador internacional fiscaliza, quem vai querer comprar carne brasileira sabendo que os maiores frigoríficos burlam as regras sanitárias em aliança com fiscais corruptos?

Temos que valorizar o que temos de melhor, isso é que é pirotecnia, essa forma destrambelhada de resolver mas acabar ainda mais com a nossa imagem e com uma base de sustentabilidade da nossa economia, que qualquer técnico agrícola deve saber disso, são milhões de empregos em jogo e toda uma cadeia produtiva de um país.

Em breve surgirá a Pecuária Orgânica: sem nitrito, papelão e propinas.

"O que é maior? O orgulho de ser o maior exportador mundial de carnes ou a vergonha de ser o país que mais mata animais no mundo?" (Nelson Motta em O Globo)
































BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerdablog do Drummond e Mundial News FM. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



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