sábado, 17 de março de 2018

O Fardo em cima de Marielle (Por Dereck Duque Estrada)

Vou tirar um pouco o foco de cima da Marielle.

Você, você mesmo que acha um absurdo existir direitos humanos, que acha que bandido não deve ter direito a nada a não ser a morte. 

Eu entendo seu sentimento, já pensei assim, já devo ter dito bem feito quando morre alguém que luta por direito de marginais também, mas espera aí , o que é o direito humano? Você sabe?

Você sabe o que é feito quando não estão relatando abuso de autoridade? Pois é, eu não sabia, mas agora eu sei, talvez seja essa a diferença entre a gente nesse exato momento.

Sabe, no asfalto, perto da principal, tudo é tranquilo e suave, embora ultimamente nem tanto, mas lá em cima polícia enfrenta um inimigo que eles nem sabem de onde vem e usam qualquer meio para cumprir a missão. 

Sabe o que isso quer dizer? Opressão. Não me entenda mal, não estou dizendo que toda operação tem violência, mas ela existe e eu não tô falando de violência contra bandido, estou falando de ataque contra moradores da favela, pessoas trabalhadoras que vivem nessas zonas de violência. O morador de favela tem medo do tráfico, mas também tem medo da polícia.

Quando começa o confronto, mais um morador morre.

Policial também morre, traficante também. E sabe o que acontece com a criminalidade? ELA SOBE!

Sim! É isso que eu tô te dizendo, a violência se intensifica. E com mais violência temos mais gente morta, policial, morador traficante, mas até aqui não tem problema, sabe por que?

Porque é pobre morrendo pelo confronto do pobre contra pobre que deveria proteger o pobre que morreu.

Se uma operação termina com um morador morto, a polícia falhou gravemente.

Se a operação termina com um policial morto a polícia falhou gravemente.

Se a operação termina com um traficante morto, a polícia falhou gravemente.

Sabe por que? Porque a função da polícia é proteger e não matar.

Mas se a morte fosse em legítima defesa é aceitável, mas entenda, isso é uma falha.

Por que isso é uma falha? Porque não deveria ser necessário isso.

Como tornamos isso desnecessário então?

Tirando as armas do morro.

Se uma arma chega no morro ele não comprou no camelô da esquina, ela veio de fora , entrou na fronteira atravessou o país e finalmente chegou na favela. Sabe o que isso nos mostra, uma incompetência de primeira dos órgãos de segurança pública . Se o fuzil e munições não subirem pro morro , sabe quantos policiais iriam morrer? ZERO!

Mas o problema da incompetência da segurança publica no país é maior que somente incompetência, tem corrupção e é nesse ponto onde o esquema é feito de forma sensacional.

O tráfico pra se manter trabalha em conjunto com altas patentes, das polícias (todas sem exceção), com vereadores, deputados, prefeitos, governadores, senadores, ministros entre outros.

Novamente, não estou generalizando, estou dizendo que a máquina tem um alcance maior do que você pensa, estamos falando de grana e quem é corrupto vai fazer o que lhe mandam por dinheiro.

Pronto o esquema de armamento está montado, se alguém for pego, vai ser o pobre cabo e um outro patente baixa que vão levar a culpa em prol do esquema.

Se você conseguiu acompanhar até aqui, vamos continuar, já definimos que a violência é coordenada com níveis acima do estado brasileiro.

Agora vem a pergunta chave, porque fazem isso?
Resposta: Poder, mais violência aumenta a sensação de insegurança , mais insegurança gera uma insatisfação da população com esse setor, insatisfação com esse setor gera uma solução, "bandido bom é bandido morto".

Cara essa frase é de uma safadeza tão grande que parece piada. Sabe qual é o problema dela, ela só se aplica pro traficante.

Ninguém quer degolar o Aécio pelo helicóptero de coca, ninguém procura saber quem foi o responsáveis por permitir que arma do exército fossem pro morro.

Ninguém quer saber quem são os bandidos fardados ou de terno.

Sabe por que?
 
Porque estamos com medo e medo cega.

A gente só quer se sentir um pouco mais seguro , mas não tá rolando então a gente pede pra matar mais , como se estivéssemos tratando uma praga que ataca nosso jardim.

Mas irmão, não adianta a máquina não quer que isso acabe porque você com medo é mais um voto para política de extermínio e mais um mandato pro deputado/vereador/senador que não faz nada pela sua vida.

E nós ficamos alienados, agredindo quem na verdade, sem que soubéssemos, estava ali presente lutando pela gente também.

Descanse em paz Marielle.

A luta não é só aqui, a luta é na rua.

#MariellePresente


Dereck Duque Estrada é Engenheiro, cidadão e crítico em política. 
Texto com revisão de Thiago Muniz.














quinta-feira, 15 de março de 2018

Polícia? Que Polícia? (Por Sidney Pinho Junior)

O que mais estarrece e provoca profunda indignação é que, boa parte da sociedade apoia a violência policial, a truculência e o abuso de autoridade batendo nas portas das pessoas, consideradas por esta minoria facínoras, bandidos desqualificados, quando na verdade são as pessoas de bem que trabalham, que lutam pelo pão de cada dia, sem a devida assistência do estado, omisso e covarde, opressor e mantenedor de uma polícia assassina, cruel e que não tem dignidade por conta de uma nação apodrecida, corrupta e viciada em enganar os cidadãos!

A classe média, refugiada em seus apartamentos financiados pelo sistema econômico que escraviza a todos, pensa ser parte das elites e se sente imune aos desmandos da polícia repressiva e anti-cidadão, mas no fundo sabe que ao sair às ruas das cidades brasileiras, não apenas no Rio de Janeiro, está correndo o risco de não voltar para casa, podendo como qualquer um, pobre, favelado, morador de comunidade ou não, acabar sendo vítima de uma polícia que cada vez se faz mais perigosa que a própria bandidagem!

A república, imposta aos brasileiros no golpe de estado de '15 de novembro de 1889, já nasceu viciada em preconceitos, tendo sido construída sob os alicerces da desigualdade, da impunidade e da sanha de poder das elites que nunca quiseram construir uma nação rica e próspera…

Os oligopólios se multiplicaram e cresceram explorando o cidadão comum, promovendo desigualdades e construindo muros sociais que legaram uma sociedade frágil, limitada e vivida em sofrer sem nunca dizer nada; transformada em gado, em servis conformados, encangalhados, colonizados e escravizados por políticas que não foram feitas para uma nação livre, pas para um país servil, alinhado e subserviente aos impérios capitalistas selvagens!

Hoje, estamos testemunhando o resultado, ainda parcial, mas absolutamente aterrador do que nos foi imposto nestes 129 anos de república, espúria e sem alma… um estado onde ser “cidadão de bem” é cultivar o preconceito indiscriminado, é valer-se das parcas benesses concedidas por um estado impostor, mentiroso e explorador e sentir-se parte dos privilegiados, de uma elite a qual jamais pertenceram, mas que insistem em acreditar!

Mas não se iludam pois o pior ainda está por vir… depois de rasgarem a CLT, extinguir o salário mínimo à partir da lei da terceirização e do trabalho intermitente, criando um novo estado escravocrata, de transformarem o ensino médio em indústrias de operários que jamais terão acesso ao ensino superior, reservado aos filhos dos poucos privilegiados de classe média, estão acelerando todo o processo de elitização definitiva de uma nação que jamais existiu!

Voltando a polícia, se construiu uma instituição de repressão e de formação destrutiva, onde uniformizada de soldadinhos de chumbo foram se investido de autoridades intocáveis e impunes, contra a sociedade e os cidadãos que ao invés de serem reconhecidos como tal, são tratados como suspeitos, criminosos, já que o estado perpetuou o crime como seu principal princípio de atuação, executando e levando aos cidadãos suas culpas e mazelas.

Não gritem contra os PM´s, não gritem contra os policiais civis, os federais, rodoviários federais e os mal preparados guardas civis, mas berrem e esgoelem-se contra o estado brasileiro, contra as autoridades constituídas que jamais pensaram que a educação é verdadeiramente transformadora, construtora e financiadora de uma nação, gritem contra as oligarquias que querem continuar enxergando o mundo de cima de seus privilégios espúrios de suas empáfias elitistas e que jamais pensaram em ter um país de verdade!

Não podemos culpar a omissão e o conformismo da classe média, pois talvez sejam eles as maiores vítimas sociais do modelo republicano capitalista inconsequente, que valoriza o ter e despreza o ser, transformando pessoas de bem em indivíduos egoístas, sem amor ao próximo e fechados ao clamor de uma sociedade pobre e que agoniza em direção ao cada falso…

Haveremos que nos despir de tudo que aprendemos e acreditamos até aqui, despimos-nos de todo preconceito, de todo desamor, mas principalmente despimos-nos da ganância, do incontrolável desejo do ter, a qualquer custo e a qualquer preço, pois somos todos vítimas de nós mesmos, que acreditamos num estado que não existe, numa justiça que trabalha em favor de poucos, na classe política que já nasceu tão podre quanto a república tupiniquim que nos oprime a todos… precisamos de coragem para dizer não e colocarmo-nos em marcha de resistência, marcha pela cidadania, pelo direito, pelos deveres negligenciados que nos aviltam com as mais cruéis formas de humilhação!

Não é mais uma questão de ser de esquerda ou de direita, de ser contra ou a favor de Lula, de Serra ou de Bolsonaro, não, não é mais uma questão de escolha pessoal, mas de sobrevivência coletiva, é questão de segurança nacional, pois já passa da hora de construirmos uma nação para todos n´s indistintamente, pobres ou ricos, brancos, negros e pardos, de esquerda e de direita, sem impormo-nos preconceitos que só nos separaram, gerando mágoas, desentendimentos e morte, muita morte!

O Brasil tem que ser revisto, a república tem que ser condenada por todos os seus crimes, por todas as atrocidades que nos impôs por mais de um século e, não podemos perdoar àqueles que querem cortar nossas cabeças, condenar nossos filhos ao inferno que se aproxima, mutilando nossas vidas e nos condenando ao fim que está nos devastando!

Unimo-nos todos, não por este Brasil, mas pela nação que ergueremos das cinzas podres da República covarde.







Hasta Siempre, Marielle (Por Ernesto Xavier)

"Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades...
" (Cazuza)


A morte de Marielle não é algo fácil de se digerir. Não é apenas mais uma morte.

Em primeiro lugar devemos entender quem ela era.

Morreu uma mãe negra.

Uma mãe negra periférica. Uma mãe negra da favela que virou liderança política em uma cidade sitiada por bandidos fardados, bandidos de colarinho branco e bandidos descamisados. Uns se confundem com os outros. Difícil dizer quem é quem. Quando termina um e começa o outro? No Rio é difícil dizer.

Mas além das questões partidárias, ideológicas e de qualquer outro gênero, devemos lembrar que ali tinha (tem) um ser humano, com família, com amigos, com sonhos, anseios, angústias, questões, erros, acertos. Morreu um ser humano.

Morreu também uma ideologia. Morreu uma ideia de que ainda podemos lutar por algo. Não podemos, amigos. Somos nada. Somos pó de estrelas sendo soprados aleatoriamente no universo.

Dispersos em neuroses. Somos poeira, colegas.

Neste caso, somos corpos negros violados. Desfigurados. Acuados. Coagidos. Indefesos.

Somos carne negra sendo vendida a preço de banana.

Lutar por algo que mexesse na estrutura racista, misógina e desigual desse país sempre fez jorrar sangue. Nossa história é de guerra, não de paz.

Marielle era da Maré.

Marielle lutava pelas milhares de vidas negras e pobres perdidas diariamente.

Marielle era presidente da comissão que fiscalizaria a intervenção na câmara municipal.

Marielle denunciou as mortes de jovens em Acari por policiais no último final de semana.

Marielle incomodava e muito.

Marielle somos nós, companheiros.

Se você não se importa, talvez não tenha entendido que o próximo também pode ser você.

Quem matou Marielle?

Quem poderá afirmar? 

Quem mata os mais de 40 mil corpos de jovens negros todos os anos no Brasil?

O Brasil matou Marielle.

Marielle, PRESENTE.

Descanse em paz. Seja lá onde essa paz possa ser alcançada.


#SentiNaPele


Ernesto Xavier é ator, jornalista e escritor. Autor do livro "Senti na pele".




























terça-feira, 6 de março de 2018

E Lula será preso... (Por Fernando Drummond)

Sigilo bancário de Michel Temer é quebrado pelo Barrosão, aquele que um dia foi um excelente professor de Direito da UERJ. Mas bom ladrão não deixa rastro. Se ele tem alguma coisa na conta dele, é mais imbecil do que aparenta. Mas que tá sangrando, tá. Vai aprovar reforma nem no banheiro de casa.

Taca fogo no Cabaret Brazil!!! Com perdão aos estabelecimentos.

P.S.: O grande problema é que me parece uma imensa cortina de fumaça pra prisão de Lula.

Lula será preso nos próximos dias por causa de um triplex que está no nome da OAS e penhorado em nome dela.

O Senador Perrela, DONO do helicóptero do pó, afilhado de Aécio, e não estou fazendo nenhuma referência ao narcotraficante que quase virou Presidente do Brasil e construiu aeroportos em suas terras, navegam em mares de Almirante, tranquilos, sem serem incomodados pelo pior STF de toda a história.

Carmem Lúcifer, com perdão a Lúcifer, diz que não há provas contra o narcos Aécio. Mesmo com o áudio dele mandando matar o primo antes da delação, pedindo propina, etc etc etc...

Em resumo: se estivéssemos na Argentina, o povo estaria nas ruas. Fingimos ter rivalidade futebolística com eles. Mas o que temos é inveja, por serem um país muito menor que o nosso, com o povo muito maior. Somos um bando de milhões de covardes, corruptos seletivos em um país bonito por natureza.

Vimos o golpe de 2016 e nada fizemos. Vimos uma quadrilha assumir e fizemos cantigas.

Acompanhamos o julgamento de Lula no TRF-4 e tiramos selfies. Agora, não reclamem. É tarde demais. E eu avisei em 2016 e quem me acompanha sabe: vocês estão apostando em Lula 2018? 2018 não irá nem chegar.

Pela primeira vez em minha vida, não sei o sentimento que tenho ao ver a bandeira de meu país: se nojo ou raiva.

Eu avisei em 2016 que 2018 não chegaria. Mas insistiam. Diziam, naquele ano: “não vai ter golpe, vai ter luta”. 

Teve golpe na Câmara e nem um pneuzinho queimado porque, diziam as centrais, “não poderíamos nos igualar a eles”. No Senado, evidentemente, o mesmo desfecho. 

Por pedaladas fiscais, usurparam do poder uma mulher, a primeira mulher Presidenta de nosso país. 

Antes disso, destruíram seu governo com aquele adesivo: “a culpa não é minha, eu votei no Aécio”. 

Neste momento, morreu a democracia

Parece que os eleitores do traficante sumiram ou tiraram o adesivo. Começaram, então, a dizer que quem colocou o Temer lá foram os eleitores de Dilma. 

Negativo. Quem colocou o Temer foi quem tirou Dilma, os paneleiros, os amarelo-patos, os corruptos deputados comprados e senadores. 

Daí teve uma luz no fim do túnel. 2018 se aproximava e Lula seria o candidato. E teve gente que acreditou que, depois que tiveram tanto trabalho com o golpe, iriam devolver o país ao PT? Não, né. 

Lula foi julgado baseado num PowerPoint tosco do ridículo procurador Dallagnon, que recebe muito mais do que o teto constitucional, assim como seu chefe, o Juiz Sérgio Moro, sobrinho e filho dos fundadores do PSDB de Maringá/PR

Lula, então, passou a ser dono de um imóvel que não está no nome dele e penhorado em nome da real dona, a OAS. É, então, que temos a segunda vítima fatal: o Estado Democrático de Direito.
Por tudo isso, digo sem medo de errar, o que falei em 2016: o povo brasileiro não fará nada.

Fugimos à luta e somos covardes. Porque, se tivéssemos o mínimo de vergonha na cara, pegariam pedrinhas e tacariam na cadeia aonde ficará Lula. Crime de Dano. Eu seria um deles. Revezaríamos e não teria cadeia suficiente para quase 60% da população. 

Sinto vergonha de ser brasileiro e pior. 

Sinto nojo de ter cursado Direito em um país em que péssimos magistrados brancos condenam o melhor Presidente que esta Republiquetinha já teve, cujo pecado é não ser o sociólogo FHC, que tem um apartamento gigante na Avenida principal de Paris, Focq. 

O seu grande pecado foi ser um mero metalúrgico.



Fernando Drummond é escritor, cronista e roteirista. Autor do Best Seller "Trilogia do Mal" e junto com os parceiros Nathan Minto e Thiago Muniz lançarão em maio o livro "O Desempregado do Amor", pré-venda no link: https://pag.ae/bjvYMgj

Confirme sua participação no evento em: https://www.facebook.com/events/187719685150697/